Tuesday, April 25, 2006

CÉU BRANCO - Para o meu Pai

Chove muito em sua homenagem
E há chuva também nos olhos teus...
Sobe o conhecido perfume da tarde
Foi teu sonho que agora escorreu
Escuta o canto das gotas
Entre a calma da sua respiração
Vê descer mais um fio de lembranças
Em um instante de contemplação
Você que é um menino no tempo
No frio do outono, esqueceu de crescer
Você que não sabe fazer poesia
Que poesia linda é você.

Monday, April 24, 2006

O POEMA

Guardei seu último suspiro
Guardei junto com a última chama do pavio
Com o finalzinho daquela canção
Com a emoção por um fio
Prendi aqui dentro do peito
Certa de que não ia escapar
Se alguém batesse na porta
Se a música parasse de tocar
Se o mundo pedisse, implorasse
Pra gente acordar
Estava ali, estava salvo
Não precisa abrir os olhos, meu amor
Ninguém vai nos atrapalhar...

O REVERSO DO POEMA

Matei o seu último suspiro
Junto com a última chama do pavio
Com o finalzinho daquela canção
Com a emoção por um fio
Matei como um tiro no peito
Certa de que nada iria escapar
Se o socorro batesse na porta
Se a música voltasse a gritar
Se você pedisse, implorasse
pra gente continuar.
Estava ali, estava morto
Wake up, baby
Ninguém está mais aqui pra te abraçar.

Tuesday, April 18, 2006

Cansam-me as palavras
Já não gosto mais de ver minhas esperanças irem
e voltarem sem resposta
mudas e tristes
Meus olhos já decidiram mudar
Não aguentam mais ver
Me ver, já que não podem falar
Procuram outro lugar pra descansar.
Minhas mãos esperam
Não sabem se juntam-se,
Se permanecem estendidas
Ou se consolam o queixo,
mas não fazem nada para me serem fiéis.
Meu coração silencia,
amigo dos olhos que é.
Minha boca seca.
Meu tempo tenta se ajustar com a vida
saiu para conversar com a calma da tarde
Eu fiquei só.
Todos esperando uma ordem
Todos só esperando minha partida.
Naquele momento
vi a única coisa que
realmente conseguiu se despedir:
meu fôlego.
Foi embora há muito tempo atrás...

Tuesday, April 11, 2006

enfim, cócegas.

Olha... nem mandar flores, nem bouquet, nem esse negócio dedicar canção, nem mandar carro de mensagem, nada. Nada se compara a receber bolada de guardanapo na cabeça.

Veja que cena maravilhosa. Você em um barzinho toda arrumada, com centenas de camadas de base, blush, sombra, e toda parafernalha que leva uma hora pra fazer e de repente, no meio da conversa interessantíssima com sua amiga, um guardanapo voadaor passa de raspão na sua bochecha. Se fosse só um, tudo bem, foi o ventilador. Mas já era o décimo terceiro e eu não achava o sacripanta que estava me fazendo de alvo a uma altura daquela da noite de domingo, com o mundo dizendo não às guerras. E o pior é que algumas bolas ainda vinham carregadas de munição, pesadas!!! Sabe lá Deus com o quê dentro, o resto do shushi, valei-me. E você recebendo aquilo na lateral da testa?

Não consegui nem prestar atenção em mais uma palavra do que minha amiga falava com toda emoção sobre relacionamentos (e olhe que papo de relacionamentooooo...). Parecia um guerrilheiro, um curisco da vida olhando pra tudo que era lado.

No final da noite, um bêbado louco caindo se jogou em cima da minha mesa (depois de eu ter encarado com olhares ferozes os pobres e inocentes homens da mesa da frente) dizendo que eu era linda e partindo pro ataque. Sem noção!

Pois é minha gente. Pra conquistar alguém, rume as bolas. Mas rume com vontade e no meio da orelha. É amor ao primeiro tiro.

Friday, April 07, 2006

a força

De repente em um só momento
Desce violento mais um furacão
Arrastou como um mar de pedra
a mais esquecida emoção
Levantou temores ardentes
Guardados onde ninguém via
Derrubou confissões fluentes
onde antes -areia-seca- nada havia
Mexeu com as feições da cara
Que toda se franzia
Redemoinho de dentro pra fora
o caos se reproduzia
Na semente profunda da dor - epicentro
Nem fumo, nem chá, nem estaca de madeira
Nada que pudesse sarar
Nada que curasse a venteira
Deixou que lhe explodisse pela boca
Logo depois pelos olhos, pelas mãos
Em um minuto fez-se o silêncio
Em um segundo aurora
Em um milésimo solidão.

Wednesday, April 05, 2006

Peço a todos

Uma pausa, só uma pausa
para congelar
o meu tempo no seu
o meu olhar flutuando
entre o seu olhar no meu
Um minuto de silêncio, por favor
Para a fala das respirações
Para todas as respostas mudas
e a voz das intenções
Vamos pedir licença, dê licença
Para o beijo se misturar
Para o sonho se espalhar no quarto
Feito incenso inspirando o ar
Vamos pedir atenção, a todos, muita atenção
Para ver o arrepio das vontades
Para trocar o controle de mãos
Vamos parar tudo, alguém mande parar
só pra que todo mundo possa ver
que um instante pode
nunca acabar.

Sunday, April 02, 2006

Aquilo que não se pode contar

Aquilo que guardo
parece que escapa,
só de pirraça
pelo cantinho da boca
pelo espaço entre um cílio e outro
pelo vapor das gotinhas no pescoço
entre os dedos no aperto de mão
Tanto que foi preciso tomar uma decisão:

Ninguém fala mais nada
nem sequer uma palavra
sem minha autorização

Mas não deu pra manter o trato
Em dois segundos tudo estava revelado
só pela minha respiração...

Que é isso, moço... Deve ter sido só impressão.