Monday, June 26, 2006

naturalmente

Foi justamente quando o barulho parou
Quando as pedras cessaram de rolar
Que o meu espírito se soltou
na calma das águas do mar
Foi quando a tristeza se rendeu
E meu ombro arriou pra descansar
Que o meu espírito então
assobiou...
Achou que não havia por mal cantar...
Foi quando a culpa calou
E os olhos feridos puseram-se a levantar
Que eu vi o meu espírito de longe,
a caminhar...
Distraído e tão leve
com as coisas da vida, a cor que há
Que nada mais em mim
Pensou em lhe chamar.

Monday, June 12, 2006

Minhas asas estão escondidas atrás da carne
E me arde
Tudo que não é natural
Na verdade, sou filha de Deus
Tenho o choro das nuvens
E o sangue que me faz igual
Me alimento de sorrisos
E ganhei a ponta dos dedos
para acreditar que cada milagre é real:
do amor que fez as curvas do deserto
às da minha impressão digital
Um dia fujo desse mundo
E volto, eu volto
Mas antes,
Me deixa brincar no quintal.

Então eu procuro nos signos
Quem sabe é algum inferno astral
Procuro até no período menstrual
Nessa frente fria que não acaba nunca
Ou no trânsito que sempre vai mal
Alguém em quem pôr a culpa
Dessa ânsia que não é normal
[ agora chamam de loucura o natural

Quero a paz que não cabe nos livros
E a alegria que não vem da faixa do cd
Quero um lugar para pôr os olhos
Quero todo dia nascer
Quero respirar um ar que não envelhece
Nem enfraquece minha vontade de viver
Quero a chuva batendo na cara
Preciosa, rara
Quero o que me acontecer

Tô com uma sede guardada no tempo
De cheiro de flor, de acalento
De alívio no final do choro
De bom pensamento
De um silêncio
Tão lindo, tão farto
Que humilde e calado
Justifica todo momento.